Padre de Eunápolis é investigado por atuar como psicólogo sem registro no CRP
O caso foi encaminhado para o Ministério Público Estadual (MP-BA) e a Polícia Civil de Eunápolis.

REDAÇÃO com informações do Atarde - 03/08/2023 - 16:09
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Uma declaração assinada pelo padre Alessandro Almeida Colen, indicando o CRP 19.510-11/BA logo abaixo da assinatura, levantou suspeitas entre pacientes que descobriram que o registro não existe no Conselho Regional de Psicologia da Bahia (CRP 03). O caso foi encaminhado para o Ministério Público Estadual (MP-BA) e a Polícia Civil de Eunápolis, onde os atendimentos ocorreram.

Segundo Rosangela Pimenta de Figueiredo, em 2013, após mudar-se de Minas Gerais para Eunápolis, ela começou a frequentar a Catedral de Eunápolis, onde conheceu o padre Alessandro presidindo as missas. "Conversando com as pessoas da cidade, fiquei sabendo que ele fazia atendimentos como psicólogo e entre 2014 e 2017 me tratei com ele. Meu filho e meu ex-marido também foram atendidos pelo padre, que nós pensávamos ser um profissional da psicologia", afirmou.

Os atendimentos foram realizados em uma sala mantida pelo padre para essa finalidade, e, conforme denúncia, a pedido dele, foram pagos em dinheiro. As suspeitas surgiram quando Rosangela precisou de uma declaração comprovando o acompanhamento clínico por parte do profissional. "Ele assinou como psicanalista clínico, o que foi uma surpresa, já que nós acreditávamos ser psicólogo", destacou. Ao constatar que o CRP apresentado junto à assinatura era falso, Rosangela disse que se sentiu enganada por ter compartilhado problemas e angústias com "uma pessoa que não é um profissional da área da psicologia".

Quando a família procurou o padre para obter explicações, ele bloqueou todos os contatos. "Também nos informaram que ele foi transferido para outra paróquia em outra cidade", pontuou. Para esclarecer a situação, em 31 de julho, ela entrou com uma notícia-crime no MP-BA de Eunápolis e, em 1º de agosto, levou a denúncia à Delegacia de Polícia Civil, solicitando a apuração e penalização.

Por ser uma denúncia recente, nenhum dos órgãos tem informações adicionais sobre o andamento das investigações. De acordo com a conselheira e membro da Comissão de Orientação e Fiscalização Profissional do CRP-03, Larissa Fonsêca (CRP-03/21.168), "ao iniciar a oferta de serviços que atravessem a Psicologia, é necessária a inscrição no Conselho de Classe do estado de atuação".

Ela explicou que as medidas objetivam "que a prática esteja sob fiscalização e orientação da autarquia em questão, pois não cumprir essa norma se configura exercício ilegal da profissão, conforme aponta o Art. 47 do Decreto-Lei nº 3.688/1941". 

A equipe de reportagem não conseguiu contato com o padre, que, conforme informações, não estaria na cidade. Em nota, a Diocese afirmou que desconhece o fato e "se dispõe a investigá-lo para poder continuar contribuindo com a sociedade, bem como com a imprensa. Reitera, ainda, constante compromisso com a verdade do Evangelho e com o bem comum".

Rosangela Figueiredo denunciou padre por atender, sem registro, como psicólogo - Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

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