Temporada de reprodução deve atrair mais de 15 mil baleias no extremo sul

G1/BA - 13/07/2015 - 15:06
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Registro feito de baleia pelo Projeto Baleia Jubarte no ano de 2014 (Foto: Divulgação/Projeto Baleia Jubarte)

Mais de 15 mil baleias jubarte devem passar pelo litoral da Bahia entre os meses de julho e novembro, período em que ocorre o ciclo reprodutivo da espécie. A estimativa é do Instituto Baleia Jubarte, que acompanha há 27 anos o perído reprodutivo dos animais, que chegam a medir 16 metros de comprimento e a pesar até 40 toneladas.

Dóceis, as baleias viram atrações e atraem milhares de turistas para regiões costeiras como Praia do Forte, no litoral norte do estado, e cidades como Prado, Alcobaça, Caravelas, Nova Viçosa, Mucuri, no extremo sul.

De acordo com o biólogo Sérgio Cipolotti, a população de baleias jubarte cresce de 7% a 15% ao ano. Elas são animais migratórios e estabelecem lugares diferentes para alimentação e reprodução. O maior berço reprodutivo do Atlântico Sul é em Abrolhos - que vai do extremo sul da Bahia ao norte do Espírito Santo.

"No período reprodutivo, as baleias saem da região da Antártida, que passa por um inverno rigoroso, e migram para águas tropicais, que são mais quentes e possibilitam maior sucesso reprodutivo. Isto está dentro de uma estratégia de de sobrevivência. Nas águas geladas, os filhotes poderiam morrer por hipotermia, já que nascem com fina camada de gordura. Além disso, elas se deslocam para cá e ficam bem perto da costa para fugir de predadores, como a orca e os tubarões grandes", explicou.

As fêmeas são as primeiras a chegar ao litoral brasileiro para ter os filhotes, após um período de gestação de 11 meses. Os machos vêm logo em seguida, atrás de parceiras, que estão no período fértil.

As baleias ficam entre quatro e cinco meses nas áreas de reprodução, até que os filhotes estejam desenvolvidos. "Os filhotes tomam até cem litros de leite por dia. Cada litro tem 40% de gordura. Assim que percebem que os filhotes estão desenvolvidos, as baleias migram-se com eles de volta para a Antártida. Lá, continua a dar leite, até que eles aprendam a sobreviver por si só", disse. O desmame, conforme o especialista, ocorrre após cerca de 10 meses.

Cuidados
O especialista alerta aos turistas que é preciso tomar alguns cuidados na hora de observar os animais e repeitar as normas de segurança que regulamentam as atividades. Um dos alertas é fazer o passeio apenas com operadoras capacitadas, que disponham de biologos e guias ambientalistas a bordo.

"Eles são dóceis, não oferecem perigo às embarcações, mas são muito grandes. É preciso respeitar nomas do Ibama, como distância, por exemplo, que deve ser de 100 metros dos animais. O tempo máximo de observação deve ser de 30 mninutos. Depois disso, os turistas devem retornar para o porto, para que não provoquem estresse nas baleias. Além disso, é obrigatório que o motor esteja em neutro, com o som ligado, para que a própria baleia possa saber a distância da embarcação", afirmou.

Os cuidados a serem tomados, segundo o especialista, levam em conta o grande número de mortes de baleias, por acidentes ou causas naturais. Durante a temporada reprodutiva das baleias, são realizados cruzeiros para a coleta de dados que dão suporte a pesquisas. "É preciso divulgar isso para que se possa ter cautela na atividade naútica durante o período de reprodução. A gente faz um estudo de monitoramento da população de baleias anualmente. Como a caça não afeta mais a população daqui, passamos a monitorar outros impactos que provocam óbitos para elaborar um diagnóstico", destacou.

Baleias encalhadas
O Projeto Baleia Jubarte registrou 10 casos de baleias encalhadas em 2015 e aponta que o número é considerado alto para o período, que antecede a fase de reprodução na costa do país, que ocorre entre julho e novembro.

Do total, três morreram e tinha redes de pesca no corpo. Os casos foram registrados em locais como Morro de São Paulo e Alcobaça, na Bahia, mas ainda em Linhares, Espírito Santo; Nova Tramandaí, Cidreira e Arroio do Sal, no Rio Grande do Sul; e Florianópolis e Jaguaruna, em Santa Catarina. Segundo o projeto, a maioria dos animais mortos era de filhotes.

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